terça-feira, 27 de dezembro de 2011

“May”, “Might” e Particípios Adverbiais

Autor: Bill Mounce (William B. Mounce)
Tradução: Leonardo Felicissimo
Original: BillMounce.com
Me deparei com Mateus 2.8, e ele destaca duas coisas sobre as quais falei no passado.(Aviso: este é um blog ligeiramente técnico sobre Grego)
A primeira é a força de um particípio adverbial aoristo seguido por um imperativo. Herodes diz, “Ide (πορευθέντες) e buscai diligentimente (ἐξετάσατε) pela criança; e quando tiverdes encontrado, participai-mo (ἀπαγγείλατε), para que (ὅπως) eu vá e o adore (προσκυνήσω).”
A estrutura do participio adverbial πορευθέντες seguido do imperativo ἐξετάσατε é similar a construção da Grande Comissão: “ide e fazei discipulos” (πορευθέντες ... μαθητεύσατε). Tem sido por vezes argumentado que “Ide” não carrega consigo força de imperativo. A resposta gramatical (veja Wallace, Greek Grammar Beyond the Basics, página 645) é que o particípio obtem força do imperativo e assim pode ser traduzido imperativamente.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A Bíblia Hebraica contém História?

Autor: Joseph Kelly
Tradução: Leonardo Felicissimo
Original: Kolhaadam

A resposta para a pergunta – A Bíblia Sagrada Contém História? – em última análise, depende de como se entende o conceito de história. Este é um assunto complicado, algo que eu não estou interessado em abordar aqui. Meu interesse é simplesmente reconhecer que é preciso ter uma definição estreita da história, se o que se pretende é responder “não” para a questão proposta.

Existem inúmeros fatores que são relevantes para a questão. Eu particularmente me sinto intrigado pelas numerosas referências na Bíblia Hebraica de fontes literárias extra-bíblicas:

1. O Rolo das Guerras de YHWH (Nm 21.14)

2. O Rolo de Jashar (Js 10.13; 2 Sm 1.18)

3. O Rolo dos Atos de Salomão (1 Rs 11.41)

4. O Rolo das Crônicas dos Reis de Israel (1 Rs 14.19; 15.31; 16.5,14,20,27; 22.39; 2 Rs 1.18; 10.34; 12.19; 13.8; 14.15,28; 15.11, 15, 21, 26, 31; 2 Cr 33.18)

5. O Livro das Crônicas dos Reis de Judá (1 Rs 14.29; 15.7, 23; 22.45; 2 Rs 8.23; 14.18; 15.6, 36; 16.19; 20.20; 21.17, 25; 23.28; 24.5)

6. A Midrash do Profeta Iddo (2 Cr 13.22)

7. O Rolo dos Reis de Israel (1 Cr 9.1; 2 Cr 20.34)

8. O Rolo dos Reis de Judah e Israel (2 Cr 16.11; 25.26; 27.7; 32.32; 35.26-27; 36.8)

9. Obra sem título escrita por Isaias sobre um personagem não proeminente no livro bíblico de Isaías (2 Cr 26.22)

10. A Midrash do Rolos dos Reis (2 Cr 24.27)

11. O Rolo dos Registros de seus Pais (Ed 4.5)

12. O Rolo da Genealogia dos que Subiram Primeiro (Ne 7.5)

13. O Rolo das Crônicas (Ne 12.23)

14. O Rolo das Crônicas (Et 2.23)

15. O Rolo das Crônicas dos Reis de Média e da Persia (Et 10.2)

(“Rolo” é a tradução do hebraico ספר, embora o hebraico dê idéia de uma inscrição ou algum outro tipo de meio de escrita. As versões se referem a estas obras como livros, o que é um anacronismo lamentável)

Quais são estas fontes, e elas de fato existiram? Tais fontes são características de que vemos ser composto preservado em culturas vizinhas onde uma herança literária da Idade do Ferro foi preservada. Definitivamente, falar além disso vai além da evidência disponível. No entanto, a evidência disponível sugere que algumas destas obras foram provavelmente compostas, especialmente em circulos reais no antigo Israel e Judah.

Naturalmente, isto não se diz do caráter de tais fontes. Elas apresentam seu material de um modo desinteressado e empenham-se pela objetividade, ou são elas ideologicamentes motivadas e tendenciosas em sua apresentação? Questões como estas levantam interessantes e importante caminhos de investigação.

Todavia, se ela utiliza material arquivado no antigo Israel e Judah como fonte de material para as narrativas que constrói, então, em termos gerais, a Bíblia Hebraica, contém efetivamente história.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cabeçalho de Marcos (Mc 1.1)

Autor: Manuel Rojas

Estou expondo o evangelho de marcos aos domingos a noite. Se Deus quiser, quero postar alguns relances que espero ser de utilidade para um estudo mais aprofundado deste santo evangelho. O Segundo Evangelho inicia-se com estas linhas:

Ἀρχὴ τοῦ εὐαγγελίου Ἰησοῦ Χριστοῦ [υἱοῦ θεοῦ].
ΑΡΧΗΤΟΥΕΥΑΓΓΕΛΙΟΥῙῩΧ̄ῩῩῩ(ΤΟΥ)Θ̄Ῡ

Esta oração não possui predicado e funciona como um cabeçalho. Ao meu ver, o substantivo articulado Ἀρχή (“princípio”) é versátil, ou seja, se pode aplicar a toda a obra e ao prólogo, a porção compreendida em Mc 1.1-13 (ou até v. 15). O uso de substantivos articulados no início de um escrito se ajusta ao estilo tipicamente bíblico. Tanto o Primeiro Evangelho bem como o livro de Apocalipse têm substanticos articulados em seus cabeçalhos. Esta classe de cabeçalhos com substanticos articulados ocorre com frequência nos escritos proféticos. Isto seria uma indicação de que a oração na abertura do segundo evangelho constitui um cabeçalho para a obra. Devido o uso desta palavra no início do texto da versão grega de Gênesis: ἐν ἀρχῇ ἐποίησεν ὁ θεὸς τὸνοὐρανὸν καὶ τὴν γῆν (Gênesis 1.1 – LXX) e no prólogo do quarto evangelho: Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν θεόν,καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος (João 1.1). Alguns tem compreendido este cabeçalho como uma intenção por parte do autor do Segundo Evangelho em vincular sua obra com o relato da criação. No entanto, o uso de ἀρχή em Gênesis e Marcos é diferente. O único aspecto que possuem em comum é a utilização da mesma palavra, mas [ainda assim] sua utilização em Marcos é diferente de sua utilização em Gênesis. Em Marcos não se trata do princípio de tudo, senão do “princípio [Ἀρχὴ] do Evangelho [τοῦ εὐαγγελίου]”.

Fonte: Estudios Bíblicos

terça-feira, 8 de novembro de 2011

[Comentário] Salmo 1 – João Calvino

Quem quer que tenha feito a coletânea dos salmos em um só volume, seja Esdras ou alguma outra pessoa, parece ter colocado este Salmo no início à guisa de prefácio, no qual o autor inculca a todos os piedosos o dever de se meditar na lei de Deus. A suma e substância de todo o Salmo consistem em que são bem-aventurados os que aplicam seus corações a buscar a sabedoria celestial; ao passo que, os profanos desprezadores de Deus, ainda que por algum tempo se julguem felizes, por fim terão o mais miserável fim.

"Bem-aventurado é o homemque não anda segundo o conselho dos ímpios nem se detém na vereda dos pecadores, nem se assenta junto com os escarnecedores. Seu deleite, porém, está na lei de Jehovah; e em sua lei medita dia e noite" (v. 1,2).

1. Bem-aventurado é o homem - A intenção do salmista, segundo expressei acima, é que tudo estará bem com os devotos servos de Deus, cuja incansável diligência é fazer progresso no estudo da lei divina. Já que o maior contigente do gênero humano vive sempre acostumado a escarnecer da conduta dos santos como sendo mera ingenuidade e a considerar ser labor como sendo total desperdício, era de suma importância queu o justo fosse confirmado na vereda da santidade, pela consideração da miserável condição de todos os homens destituídos da benção de Deus e da convicção de que Deus e ninguém é favorável senão àqueles que zelosamente se devotam ao estudo da verdade divina.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sobre as formas de tradução bíblica

Neste breve artigo vamos abordar as diferentes formas de tradução do hebraico bíblico. De forma geral, existem pelo menos quatro tipos específicos de tradução, a saber: ultraliteral, literal, idiomática e livre. Dependendo dos objetivos do tradutor, cada um destes tipos terá um grau diferente de importância.

Tradução Ultraliteral

Essa tradução não se preocupa em considerar o sentido geral da passagem. A preocupação neste tipo de tradução é verter palavra por palavra de um texto para uma outra língua, buscando os termos correspondentes mais exatos. Este tipo é o mais indicado para o estudante que está iniciando seus primeiros passos no campo semântico da tradução, porém não tem grande utilidade para o leitor, uma vez que o resultado final desta tradução pode ser extremamente literal e, em alguns casos, até mesmo incompreensível. Um exemplo de tradução ultraliteral, palavra por palavra, ficaria assim:

[Tradução Idiomática] Salmo 1 - Leonardo Felicissimo

אַשְׁרֵי־הָאִישׁ אֲשֶׁר לֹא הָלַךְ בַּעֲצַת רְשָׁעִים
וּבְדֶרֶךְ חַטָּאִים לֹא עָמָד
וּבְמוֹשַׁב לֵצִים לֹא יָשָׁב׃
כִּי אִם בְּתוֹרַת יְהוָה חֶפְצוֹ
וּבְתוֹרָתוֹ יֶהְגֶּה יוֹמָם וָלָיְלָה׃
וְהָיָה כְּעֵץ שָׁתוּל עַל־פַּלְגֵי מָיִם
אֲשֶׁר פִּרְיוֹ יִתֵּן בְּעִתּוֹ
וְעָלֵהוּ לֹא־יִבּוֹל
וְכֹל אֲשֶׁר־יַעֲשֶׂה יַצְלִיחַ׃
לֹא־כֵן הָרְשָׁעִים
כִּי אִם־כַּמֹּץ אֲשֶׁר־תִּדְּפֶנּוּ רוּחַ׃
עַל־כֵּן לֹא־יָקֻמוּ רְשָׁעִים בַּמִּשְׁפָּט וְחַטָּאִים בַּעֲדַת צַדִּיקִים׃
כִּי־יוֹדֵעַ יְהוָה דֶּרֶךְ צַדִּיקִים וְדֶרֶךְ רְשָׁעִים תֹּאבֵד׃

As felicidades do homem
que não andou no conselho dos maus,
e no caminho dos pecadores não permaneceu
e [junto a] -os que escarnecem não assentou.
Antes, na Lei do Senhor [está] seu deleite
e na Sua Lei medita [excecivamente] dia e noite.
Será como árvore plantada sobre correntes de águas
cujo fruto dará na sua época
e sua folhagem não cairá
e tudo que fizer [lit: fará, vier a fazer] será bem sucedido
Não [são] assim os maus,
mas como a palha que o vento espalhará
Por isso, não suportarão [os] maus o juízo e [os] pecadores na congregação dos justos
Porque reconhece SENHOR [o] caminho dos justos e [o] caminho dos ímpios ruinará.

Gálatas 1.9 - Moisés Olímpio Ferreira

ὡς προειρήκαμεν καὶ ἄρτι πάλιν λέγω εἴ τις ὑμᾶς εὐαγγελίζεται παρ' ὃ παρελάβετε ἀνάθεμα ἔστω.

"como já disse de antemão e também agora de novo estou dizendo: se alguém vos está anunciando o bom-anúncio para o lado (fora) do que tomastes ao lado (recebestes), maldito seja" (Gálatas 1.9)

Duas importantes meditações devem ser feitas nesse texto.

A primeira é quanto à necessidade de manter o "que foi tomado ao lado", guardando-o, preservando-o, mantendo-o vivo.

E a segunda, mas não menos importante do que a primeira, é: apesar da identificação que todos possam sentir com essas recomendações paulinas (e, de fato, qualquer um, com as mais diferentes doutrinas "baseadas" na Bíblia, pode nelas se espelhar), devemos nos perguntar: o que recebemos (seja lá por meio de quem for) é o mesmo que Paulo entregou aos Gálatas? E, na impossibilidade de isso ser determinado com exatidão, o quanto estamos perto do que foi entregue? Talvez sejam essas as questões cruciais de todo o sistema religioso sob o rótulo de cristianismo.

Fonte: http://moisesolim.blogspot.com

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sinais da Cantilação Hebraica e sua Codificação - Helmut Richter [Em Inglês]

Os sinais de cantilação (também conhecidas como "taamey haMiqra", "tëamim", "trope", "neginot", "acentos") são símbolos diacríticos anotação do texto da Bíblia Hebraica com a finalidade de entonação, semelhante ao neumas. Eles foram introduzidos pela Massoretas por volta do final do primeiro milênio da era comum. Eles podem servir a três propósitos diferentes:

  1. Eles dão instruções para a cantilação, que é o seu objetivo principal, ao menos, hoje, e algumas de suas características são plausíveis somente neste contexto. Não está claro se cantilação foi historicamente a finalidade primeira das marcas, ou se serviu apenas para descrever quais partes de uma frase pertencem logicamente em conjunto para facilitar a leitura. Este artigo não está preocupado com cantilação. Estas questões são explicadas em mais detalhes no verbete da Wikipedia em cantilação e sites relacionados partir daí.
  2. Eles descrevem a estrutura sintática do texto subjacente. Isso será explicado na próxima seção.
  3. Como quase todos eles são colocados em/ou abaixo da consoante da sílaba tônica, eles indicam a tensão da palavra. Veja as tabelas e suas legenda para detalhes de como explorar esse recurso.

Acesse o artigo através deste link: http://www.lrz.de/~hr/teamim/intro.html#purp

Acentos musicais hebraicos (te’amim) - John H. Wheeler [Em Inglês]

Um breve relato sobre a origem, história e interpretação do sistema acentuação seria útil como uma introdução à leitura dos dois sistemas de "acentuação" (te’amim) encontrados no Bíblia hebraica, e também como uma resposta a questões sobre a validade e as implicações do trabalho de Suzanne Haik Vantoura, que excepcionalmente nos permite entender o que estas marcas são e o que as cercam.

Acesse o artigo através deste link: http://www.bibal.net/04/musico/psalms-iii/pdf/wheeler_accents-a.pdf

Links - Cantilação Hebraica

http://learntrope.com/
http://www.musicofthebible.com/index.htm
http://www.robtex.com/dmoz/Science/Social_Sciences/Linguistics/Languages/Natural/Afro-Asiatic/Hebrew/Cantillation_and_Torah_Reading/
http://www.simchaaudio.co.uk/
http://www.bible.ort.org/
http://www.saad.org.il/elihu/
http://www.ellietorah.com/index.html
http://www.templesholom.com/audio/cantor/torah_cantillation/
http://www.geocities.com/TorahLein/
http://www.ucalgary.ca/~elsegal/Cantillation/Cantillation.html
http://www.netivotshalom.org/avodah/TorahTrope/
http://www.maxsynagogue.com/torah3.html
http://www.taamim.org/
http://web.mac.com/uisgh/site/Tehilim.html
http://www.lrz.de/~hr/teamim/intro.html#purp
http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=109&letter=C

Cantilação da Torah - Hazzan Michael [Em Inglês]

Sistema Asquenasi criado por Resofsky. Hazzan Michael ensina o trop ou marcas de cantilação utilizadas no canto da Torah. Os exemplos são apresentados em cláusulas como seria na leitura Bíblica. Para saber mais sobre o assunto, há disponível um ótimo texto no Wikipedia, , fazendo referência especificamente a cantilação de textos em prosa.

Primeira Parte:

Segunda Parte:

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ferramenta de Estudo - Hebrew Verbs Chart

Sem dúvidas, o sistema de classificação dos verbos do hebraico não é um dos mais fáceis. Sua variedade de aspectos, estrutura gramatical, regras de wav (consecutivo, conversivo...) são grandes desafios na tarefa de interpretação de um texto do Antigo Testamento.

A Gramática do Hebraico Bíblico de Allen P. Ross, apresenta como ferramenta em seu apêndice tabelas com exemplos de possibilidade em cada aspecto do verbo hebraico: Piel, Hifil, Nifal, etc. E outras tabelas também já foram desenvolvidas por grandes gramatas da língua hebraica.

Disponibilizo aqui também uma destas tabelas encontradas, que me parece de certa forma estar baseada no livro de Ross, inclusive pelo sistema de classes para definição dos aspectos.

Acesse o link abaixo:
http://www.pbcc.org/dc/hebrew/HebVerbCharts.pdf

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A Tradução “Filho” no Salmo 2.12a - Luiz Sayão

Qualquer estudioso das Escrituras que tenha procurado fazer um estudo ou uma exegese no Salmo 2 com certeza já se deparou com uma variedade de traduções no versículo 12. Muitas versões conservam algo semelhante ao texto da versão Revisada de Almeida: “Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no caminho” (cf. também versões Corrigida e Atualizada de Almeida da SBB). Todavia, outras versões como a Bíblia de Jerusalém e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje apresentam traduções alternativas bem distintas. Nestas poucas linhas apresentaremos uma elucidação da problemática do texto hebraico e avaliaremos as soluções propostas para os eruditos. A questão torna-se ainda mais significativa pelo fato de ser este um dos textos do Antigo Testamento denominados messiânicos.

As diferenças dos verbos gregos no dialogo de Jesus e Pedro em João 21.25-17 - Francisco Mário

Pr. Francisco Mário

No mundo da Erudição e dos estudiosos da Bíblia paira uma mania e um perigo: Quando um livro é escrito ou um escritor traz uma tese, geralmente os outros eruditos seguem sem questionar, sem falar nos estudantes de teologias e seminaristas. Um exemplo disso é a exegese truncada e defeituosa de Jo 21.15-17 dizendo que não há diferença de significado entre os verbos agapao e phileo. Apesar de respeitar as interpretações de alguns autores, inclusive da Editora Vida Nova, bem como Luiz Sayão que fez um breve apanhado dessa exegese na revista Enfoque, tem-se que afirmar que a negação das diferenças de significado desses dois verbos consiste em lapsos de exegese, bem como erros sutis de hermenêutica.

Toda língua tem palavras com suas denotações e conotações diversas. O que para o português o verbo amar não diz respeito a vários significados, mas nas outras línguas não é assim. Para os gregos eles tinham, pelo menos quatro acepções para o que traduzimos para amar: agapao, phileo, erao e stergo. Para os gregos o uso dessas palavras tinham acepções especiais e distintas, dentro do significado semântico da época. Por exemplo: o verbo phileo queria dizer ter afeição, incluindo sentimentos. Segundo o Dr. W. Gunther no Dicionário Internacional de Teologia do N.T. ele afirma que "as idéias que se vinculam com phileo não têm ênfase claramente religiosa". Para os gregos o verbo phileo leva um significado de um gostar mais subjetivo, instável, amigável. Para o verbo agapao, a literatura secular grega denota como tratar com respeito, dar boas vindas, estar contente com. Todas essas acepções demonstram objetividade e prática. Há ocasiões que o significado é alguém favorecido por um deus (cf. Dio. Cris., Orationes 33, 21, citado pelo DITNT, Editora Vida Nova Vol. 1). Há ocorrência do substantivo agape como título à deusa Ísis (P. Oxy. 1380, 190; século II d.C.). O que se pode notar claramente pelas acepções do grego secular é que os significados eram claramente distintos em suas essências. Um demonstrava significado mais subjetivo, de amizade; o outro, mais prático e relacionado a deuses. Se os escritores que escreveram o NT usavam a língua grega, tem-se que esperar que eles atentavam para as diferenças de significados, pois, caso contrário, eles entrariam numa confusão semântica.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A Importância da Língua Grega para os Estudos da Teologia Bíblica do Novo Testamento - Leonardo Felicissimo

Leonardo Martins Felicissimo

Sempre que um assunto relacionado aos idiomas bíblicos originais é abordado, um pânico surge para os que estão envolvidos com o texto bíblico sejam, Seminaristas, Professores, Leigos, ou Autores. Este sentimento de preocupação diante dos idiomas originais não é algo a ser tratado com insignificância, pelo contrário, o alto nível de dificuldade do trabalho com as línguas originais Grego, Hebraico e Aramaico é reconhecido pela maioria dos gramatas. A análise de modos, aspectos, casos, tipos, declinações, prefixos e sufixos causam em não poucos estudiosos o pavor de relembrar as inúmeras regras de análise sintática, morfológica e aspectos verbais.

Infelizmente, o trabalho que se deve ter para a produção de uma exegese de um texto bíblico, ou a simples verificação da palavra no original, tem feito com que alguns negligenciem a importância do conhecimento dos idiomas originais, e estes levam muitos outros a desprezarem o trabalho gracioso de compreender o texto bíblico em seu idioma original. Nos dias de hoje, não são muitos os que se esmeram por dedicar-se ao estudo dos idiomas originais na preocupação de transparecer mais a opinião das Escrituras ao invés de suas próprias reflexões “reveladas” ou as reflexões filosóficas de seus teólogos liberais favoritos. Esquecemos que os grandes estudiosos da história da teologia esforçaram-se por aplicar-se ao idioma original partindo daí para uma aplicação que fosse condizente com o que o autor do texto bíblico se propôs a repassar em seu tempo.

Retaining and Transcending The Classical Description of Ancient Hebrew Verse - John F. Hobbins

John F. Hobbins 

jfhobbins@gmail.com

This essay seeks to describe the prosodic regularities which define the way ancient Hebrew poetry works. Building on the description of ancient Hebrew verse offered by Harshav and Alter, a text model is advanced which identifies the shapes and sizes of the prosodic units that characterize ancient Hebrew verse. Regularities are described in terms of a prosodic hierarchy. The description is inscribed within the framework of the prosodic structure hypothesis of Selkirk and other linguists. The phenomenon of enjambment is explored. A rule governing the number of lines a poem normally has is stipulated. Three varieties of ancient Hebrew poetry are distinguished: common, qinah, and mashal. An excursus  contains a proposed revision of O’Connor’s description of the syntactic constraints to which ancient Hebrew verse adhered.

Disponível em: 
http://ancienthebrewpoetry.typepad.com/ancienthebrewpoetry/files/retainingandtranscendingtheclassical_description.pdf

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Poesia Hebraica

Autor: DAVIES, T. Witton
Original em inglês: http://www.bible-researcher.com/hebrew-poetry.html

I. Existe Poesia no Antigo Testamento?

É impossível responder esta questão sem antes de tudo, definir o que realmente significa poesia. Apresento o seguinte como uma definição correta: "Poesia é uma composição verbal, imaginativa e concreta em matéria, emocional e rítmica na forma". Esta definição reconhece dois aspectos da poesia, o formal e o material. A substância da poesia deve ser concreta - é a filosofia que lida com o abstrato; e tem de ser mais ou menos um produto da imaginação criativa. É da essência da poesia que, como música, deve ser expressa em forma rítmica, mas não necessariamente métrica. Além disso, a linguagem tem de ser tal, que agite as emoções estéticas. Adotando este conceito de crítica da poesia, é possível sem hesitação afirmar-se que as Escrituras Hebraicas contém uma boa porção de poesia genuína. Veja Salmos, Jó, Cânticos, etc. É estranho, mas verdade que poesia é mais antiga do que a composição em prosa. Um exame das literaturas antigas Indianas, Babilônicas, Hebraicas, Gregas e Árabes confirma isto.