terça-feira, 27 de dezembro de 2011

“May”, “Might” e Particípios Adverbiais

Autor: Bill Mounce (William B. Mounce)
Tradução: Leonardo Felicissimo
Original: BillMounce.com
Me deparei com Mateus 2.8, e ele destaca duas coisas sobre as quais falei no passado.(Aviso: este é um blog ligeiramente técnico sobre Grego)
A primeira é a força de um particípio adverbial aoristo seguido por um imperativo. Herodes diz, “Ide (πορευθέντες) e buscai diligentimente (ἐξετάσατε) pela criança; e quando tiverdes encontrado, participai-mo (ἀπαγγείλατε), para que (ὅπως) eu vá e o adore (προσκυνήσω).”
A estrutura do participio adverbial πορευθέντες seguido do imperativo ἐξετάσατε é similar a construção da Grande Comissão: “ide e fazei discipulos” (πορευθέντες ... μαθητεύσατε). Tem sido por vezes argumentado que “Ide” não carrega consigo força de imperativo. A resposta gramatical (veja Wallace, Greek Grammar Beyond the Basics, página 645) é que o particípio obtem força do imperativo e assim pode ser traduzido imperativamente.

Entretanto, como eu tenho situado em outro lugar, o imperativo contém impulso primário e o particípio é secundário; em outras palavras, o principal impulso da Grande Comissão é fazer discípulos.
No entanto, é interessante neste versículo que o particípio contenha exatamente o mesmo impulso do imperativo. Herodes está certamente enfatizando que os sábios homens devem “ir” e “buscar diligentemente” bem como “avisarem-no”.
Ah, o poder do contexto. Me maravilho sempre que enquanto a gramática nos dá regras básicas, nós temos de ser cuidadosos em não pnesar na gramática como uma entidade monolítica sem nuance. Linguagem é nuance, e o contexto sempre forma e guia as regras específicas da gramática.
Obs: Mounce em seu texto a partir deste ponto fará uma análise da versão inglesa do texto que traz o verbo “may” como expressão do subjuntivo. Nossas versões não fazem a utilização deste verbo auxiliar do inglês.
Outra coisa que pude notar neste versículo é o uso de “may” (possa). Recentemente estava argumentando que o uso de “might” (poder) na tradução de um subjuntivo em uma cláusula objetiva já não é a melhor escolha padrão, já que “might” retrata possibilidade. Se nós traduzirmos 1 Jo 1.9 (ver versão em inglês) com “might”, nós perigosamente teremos uma teologia incorreta: “If we confess our sins, he is faithful and just and might (ἀφῇ) forgive us our sins and might cleanse (καθαρίσῃ) us from all unrighteousness.”[1]
Meu argumento foi usar “will” or alguma palavra do tipo que remove qualquer sentido de contingencia da apódose; a única questão é se vamos confessar.
Ao refletir sobre o subjuntivo em Mateus 2.8, veja, porém, que “may” não contém qualquer senso de contingência, apenas propósito. Então acredito que é onde o Inglês entra em questão. Herodes estava mentindo, mas sua intenção era a de transmitir a sensação de que eles tinham de encontrar, tinham de reportar, e a finalidade de sua declaração foi um (enganoso) desejo de adorar. Talvez “may” em certos contextos possam ser uma boa tradução padrão ao traduzir o subjuntivo.
Mas como sempre, o contexto reina. A linguagem está em nunace. Nós devemos ser cuidados em ouvir o que ele está dizendo.

[1] “Se nós confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo e pode nos perdoar de nossos pecados e pode nos limpar de toda a injustiça” – O que ele está dizendo é que a utilização do verbo might denota possibilidade e não certeza, pode ser que perdoe, pode ser que purifique.











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