quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sobre as formas de tradução bíblica

Neste breve artigo vamos abordar as diferentes formas de tradução do hebraico bíblico. De forma geral, existem pelo menos quatro tipos específicos de tradução, a saber: ultraliteral, literal, idiomática e livre. Dependendo dos objetivos do tradutor, cada um destes tipos terá um grau diferente de importância.

Tradução Ultraliteral

Essa tradução não se preocupa em considerar o sentido geral da passagem. A preocupação neste tipo de tradução é verter palavra por palavra de um texto para uma outra língua, buscando os termos correspondentes mais exatos. Este tipo é o mais indicado para o estudante que está iniciando seus primeiros passos no campo semântico da tradução, porém não tem grande utilidade para o leitor, uma vez que o resultado final desta tradução pode ser extremamente literal e, em alguns casos, até mesmo incompreensível. Um exemplo de tradução ultraliteral, palavra por palavra, ficaria assim:

[Tradução Idiomática] Salmo 1 - Leonardo Felicissimo

אַשְׁרֵי־הָאִישׁ אֲשֶׁר לֹא הָלַךְ בַּעֲצַת רְשָׁעִים
וּבְדֶרֶךְ חַטָּאִים לֹא עָמָד
וּבְמוֹשַׁב לֵצִים לֹא יָשָׁב׃
כִּי אִם בְּתוֹרַת יְהוָה חֶפְצוֹ
וּבְתוֹרָתוֹ יֶהְגֶּה יוֹמָם וָלָיְלָה׃
וְהָיָה כְּעֵץ שָׁתוּל עַל־פַּלְגֵי מָיִם
אֲשֶׁר פִּרְיוֹ יִתֵּן בְּעִתּוֹ
וְעָלֵהוּ לֹא־יִבּוֹל
וְכֹל אֲשֶׁר־יַעֲשֶׂה יַצְלִיחַ׃
לֹא־כֵן הָרְשָׁעִים
כִּי אִם־כַּמֹּץ אֲשֶׁר־תִּדְּפֶנּוּ רוּחַ׃
עַל־כֵּן לֹא־יָקֻמוּ רְשָׁעִים בַּמִּשְׁפָּט וְחַטָּאִים בַּעֲדַת צַדִּיקִים׃
כִּי־יוֹדֵעַ יְהוָה דֶּרֶךְ צַדִּיקִים וְדֶרֶךְ רְשָׁעִים תֹּאבֵד׃

As felicidades do homem
que não andou no conselho dos maus,
e no caminho dos pecadores não permaneceu
e [junto a] -os que escarnecem não assentou.
Antes, na Lei do Senhor [está] seu deleite
e na Sua Lei medita [excecivamente] dia e noite.
Será como árvore plantada sobre correntes de águas
cujo fruto dará na sua época
e sua folhagem não cairá
e tudo que fizer [lit: fará, vier a fazer] será bem sucedido
Não [são] assim os maus,
mas como a palha que o vento espalhará
Por isso, não suportarão [os] maus o juízo e [os] pecadores na congregação dos justos
Porque reconhece SENHOR [o] caminho dos justos e [o] caminho dos ímpios ruinará.

Gálatas 1.9 - Moisés Olímpio Ferreira

ὡς προειρήκαμεν καὶ ἄρτι πάλιν λέγω εἴ τις ὑμᾶς εὐαγγελίζεται παρ' ὃ παρελάβετε ἀνάθεμα ἔστω.

"como já disse de antemão e também agora de novo estou dizendo: se alguém vos está anunciando o bom-anúncio para o lado (fora) do que tomastes ao lado (recebestes), maldito seja" (Gálatas 1.9)

Duas importantes meditações devem ser feitas nesse texto.

A primeira é quanto à necessidade de manter o "que foi tomado ao lado", guardando-o, preservando-o, mantendo-o vivo.

E a segunda, mas não menos importante do que a primeira, é: apesar da identificação que todos possam sentir com essas recomendações paulinas (e, de fato, qualquer um, com as mais diferentes doutrinas "baseadas" na Bíblia, pode nelas se espelhar), devemos nos perguntar: o que recebemos (seja lá por meio de quem for) é o mesmo que Paulo entregou aos Gálatas? E, na impossibilidade de isso ser determinado com exatidão, o quanto estamos perto do que foi entregue? Talvez sejam essas as questões cruciais de todo o sistema religioso sob o rótulo de cristianismo.

Fonte: http://moisesolim.blogspot.com

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sinais da Cantilação Hebraica e sua Codificação - Helmut Richter [Em Inglês]

Os sinais de cantilação (também conhecidas como "taamey haMiqra", "tëamim", "trope", "neginot", "acentos") são símbolos diacríticos anotação do texto da Bíblia Hebraica com a finalidade de entonação, semelhante ao neumas. Eles foram introduzidos pela Massoretas por volta do final do primeiro milênio da era comum. Eles podem servir a três propósitos diferentes:

  1. Eles dão instruções para a cantilação, que é o seu objetivo principal, ao menos, hoje, e algumas de suas características são plausíveis somente neste contexto. Não está claro se cantilação foi historicamente a finalidade primeira das marcas, ou se serviu apenas para descrever quais partes de uma frase pertencem logicamente em conjunto para facilitar a leitura. Este artigo não está preocupado com cantilação. Estas questões são explicadas em mais detalhes no verbete da Wikipedia em cantilação e sites relacionados partir daí.
  2. Eles descrevem a estrutura sintática do texto subjacente. Isso será explicado na próxima seção.
  3. Como quase todos eles são colocados em/ou abaixo da consoante da sílaba tônica, eles indicam a tensão da palavra. Veja as tabelas e suas legenda para detalhes de como explorar esse recurso.

Acesse o artigo através deste link: http://www.lrz.de/~hr/teamim/intro.html#purp

Acentos musicais hebraicos (te’amim) - John H. Wheeler [Em Inglês]

Um breve relato sobre a origem, história e interpretação do sistema acentuação seria útil como uma introdução à leitura dos dois sistemas de "acentuação" (te’amim) encontrados no Bíblia hebraica, e também como uma resposta a questões sobre a validade e as implicações do trabalho de Suzanne Haik Vantoura, que excepcionalmente nos permite entender o que estas marcas são e o que as cercam.

Acesse o artigo através deste link: http://www.bibal.net/04/musico/psalms-iii/pdf/wheeler_accents-a.pdf

Links - Cantilação Hebraica

http://learntrope.com/
http://www.musicofthebible.com/index.htm
http://www.robtex.com/dmoz/Science/Social_Sciences/Linguistics/Languages/Natural/Afro-Asiatic/Hebrew/Cantillation_and_Torah_Reading/
http://www.simchaaudio.co.uk/
http://www.bible.ort.org/
http://www.saad.org.il/elihu/
http://www.ellietorah.com/index.html
http://www.templesholom.com/audio/cantor/torah_cantillation/
http://www.geocities.com/TorahLein/
http://www.ucalgary.ca/~elsegal/Cantillation/Cantillation.html
http://www.netivotshalom.org/avodah/TorahTrope/
http://www.maxsynagogue.com/torah3.html
http://www.taamim.org/
http://web.mac.com/uisgh/site/Tehilim.html
http://www.lrz.de/~hr/teamim/intro.html#purp
http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=109&letter=C

Cantilação da Torah - Hazzan Michael [Em Inglês]

Sistema Asquenasi criado por Resofsky. Hazzan Michael ensina o trop ou marcas de cantilação utilizadas no canto da Torah. Os exemplos são apresentados em cláusulas como seria na leitura Bíblica. Para saber mais sobre o assunto, há disponível um ótimo texto no Wikipedia, , fazendo referência especificamente a cantilação de textos em prosa.

Primeira Parte:

Segunda Parte:

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ferramenta de Estudo - Hebrew Verbs Chart

Sem dúvidas, o sistema de classificação dos verbos do hebraico não é um dos mais fáceis. Sua variedade de aspectos, estrutura gramatical, regras de wav (consecutivo, conversivo...) são grandes desafios na tarefa de interpretação de um texto do Antigo Testamento.

A Gramática do Hebraico Bíblico de Allen P. Ross, apresenta como ferramenta em seu apêndice tabelas com exemplos de possibilidade em cada aspecto do verbo hebraico: Piel, Hifil, Nifal, etc. E outras tabelas também já foram desenvolvidas por grandes gramatas da língua hebraica.

Disponibilizo aqui também uma destas tabelas encontradas, que me parece de certa forma estar baseada no livro de Ross, inclusive pelo sistema de classes para definição dos aspectos.

Acesse o link abaixo:
http://www.pbcc.org/dc/hebrew/HebVerbCharts.pdf

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A Tradução “Filho” no Salmo 2.12a - Luiz Sayão

Qualquer estudioso das Escrituras que tenha procurado fazer um estudo ou uma exegese no Salmo 2 com certeza já se deparou com uma variedade de traduções no versículo 12. Muitas versões conservam algo semelhante ao texto da versão Revisada de Almeida: “Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no caminho” (cf. também versões Corrigida e Atualizada de Almeida da SBB). Todavia, outras versões como a Bíblia de Jerusalém e a Nova Tradução na Linguagem de Hoje apresentam traduções alternativas bem distintas. Nestas poucas linhas apresentaremos uma elucidação da problemática do texto hebraico e avaliaremos as soluções propostas para os eruditos. A questão torna-se ainda mais significativa pelo fato de ser este um dos textos do Antigo Testamento denominados messiânicos.

As diferenças dos verbos gregos no dialogo de Jesus e Pedro em João 21.25-17 - Francisco Mário

Pr. Francisco Mário

No mundo da Erudição e dos estudiosos da Bíblia paira uma mania e um perigo: Quando um livro é escrito ou um escritor traz uma tese, geralmente os outros eruditos seguem sem questionar, sem falar nos estudantes de teologias e seminaristas. Um exemplo disso é a exegese truncada e defeituosa de Jo 21.15-17 dizendo que não há diferença de significado entre os verbos agapao e phileo. Apesar de respeitar as interpretações de alguns autores, inclusive da Editora Vida Nova, bem como Luiz Sayão que fez um breve apanhado dessa exegese na revista Enfoque, tem-se que afirmar que a negação das diferenças de significado desses dois verbos consiste em lapsos de exegese, bem como erros sutis de hermenêutica.

Toda língua tem palavras com suas denotações e conotações diversas. O que para o português o verbo amar não diz respeito a vários significados, mas nas outras línguas não é assim. Para os gregos eles tinham, pelo menos quatro acepções para o que traduzimos para amar: agapao, phileo, erao e stergo. Para os gregos o uso dessas palavras tinham acepções especiais e distintas, dentro do significado semântico da época. Por exemplo: o verbo phileo queria dizer ter afeição, incluindo sentimentos. Segundo o Dr. W. Gunther no Dicionário Internacional de Teologia do N.T. ele afirma que "as idéias que se vinculam com phileo não têm ênfase claramente religiosa". Para os gregos o verbo phileo leva um significado de um gostar mais subjetivo, instável, amigável. Para o verbo agapao, a literatura secular grega denota como tratar com respeito, dar boas vindas, estar contente com. Todas essas acepções demonstram objetividade e prática. Há ocasiões que o significado é alguém favorecido por um deus (cf. Dio. Cris., Orationes 33, 21, citado pelo DITNT, Editora Vida Nova Vol. 1). Há ocorrência do substantivo agape como título à deusa Ísis (P. Oxy. 1380, 190; século II d.C.). O que se pode notar claramente pelas acepções do grego secular é que os significados eram claramente distintos em suas essências. Um demonstrava significado mais subjetivo, de amizade; o outro, mais prático e relacionado a deuses. Se os escritores que escreveram o NT usavam a língua grega, tem-se que esperar que eles atentavam para as diferenças de significados, pois, caso contrário, eles entrariam numa confusão semântica.