terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cabeçalho de Marcos (Mc 1.1)

Autor: Manuel Rojas

Estou expondo o evangelho de marcos aos domingos a noite. Se Deus quiser, quero postar alguns relances que espero ser de utilidade para um estudo mais aprofundado deste santo evangelho. O Segundo Evangelho inicia-se com estas linhas:

Ἀρχὴ τοῦ εὐαγγελίου Ἰησοῦ Χριστοῦ [υἱοῦ θεοῦ].
ΑΡΧΗΤΟΥΕΥΑΓΓΕΛΙΟΥῙῩΧ̄ῩῩῩ(ΤΟΥ)Θ̄Ῡ

Esta oração não possui predicado e funciona como um cabeçalho. Ao meu ver, o substantivo articulado Ἀρχή (“princípio”) é versátil, ou seja, se pode aplicar a toda a obra e ao prólogo, a porção compreendida em Mc 1.1-13 (ou até v. 15). O uso de substantivos articulados no início de um escrito se ajusta ao estilo tipicamente bíblico. Tanto o Primeiro Evangelho bem como o livro de Apocalipse têm substanticos articulados em seus cabeçalhos. Esta classe de cabeçalhos com substanticos articulados ocorre com frequência nos escritos proféticos. Isto seria uma indicação de que a oração na abertura do segundo evangelho constitui um cabeçalho para a obra. Devido o uso desta palavra no início do texto da versão grega de Gênesis: ἐν ἀρχῇ ἐποίησεν ὁ θεὸς τὸνοὐρανὸν καὶ τὴν γῆν (Gênesis 1.1 – LXX) e no prólogo do quarto evangelho: Ἐν ἀρχῇ ἦν ὁ λόγος, καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν θεόν,καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος (João 1.1). Alguns tem compreendido este cabeçalho como uma intenção por parte do autor do Segundo Evangelho em vincular sua obra com o relato da criação. No entanto, o uso de ἀρχή em Gênesis e Marcos é diferente. O único aspecto que possuem em comum é a utilização da mesma palavra, mas [ainda assim] sua utilização em Marcos é diferente de sua utilização em Gênesis. Em Marcos não se trata do princípio de tudo, senão do “princípio [Ἀρχὴ] do Evangelho [τοῦ εὐαγγελίου]”.

Fonte: Estudios Bíblicos

terça-feira, 8 de novembro de 2011

[Comentário] Salmo 1 – João Calvino

Quem quer que tenha feito a coletânea dos salmos em um só volume, seja Esdras ou alguma outra pessoa, parece ter colocado este Salmo no início à guisa de prefácio, no qual o autor inculca a todos os piedosos o dever de se meditar na lei de Deus. A suma e substância de todo o Salmo consistem em que são bem-aventurados os que aplicam seus corações a buscar a sabedoria celestial; ao passo que, os profanos desprezadores de Deus, ainda que por algum tempo se julguem felizes, por fim terão o mais miserável fim.

"Bem-aventurado é o homemque não anda segundo o conselho dos ímpios nem se detém na vereda dos pecadores, nem se assenta junto com os escarnecedores. Seu deleite, porém, está na lei de Jehovah; e em sua lei medita dia e noite" (v. 1,2).

1. Bem-aventurado é o homem - A intenção do salmista, segundo expressei acima, é que tudo estará bem com os devotos servos de Deus, cuja incansável diligência é fazer progresso no estudo da lei divina. Já que o maior contigente do gênero humano vive sempre acostumado a escarnecer da conduta dos santos como sendo mera ingenuidade e a considerar ser labor como sendo total desperdício, era de suma importância queu o justo fosse confirmado na vereda da santidade, pela consideração da miserável condição de todos os homens destituídos da benção de Deus e da convicção de que Deus e ninguém é favorável senão àqueles que zelosamente se devotam ao estudo da verdade divina.