SILVIA COSTA DAMASCENO (Professor Adjunto de Língua e Literatura Grega da UFF e Coordenadora do Setor de Grego da mesma Universidade)
O estudo da Gramática situa-se entre as várias indagações feitas pelos gregos, na busca do entendimento do mundo. Discutia-se, a partir do V século a.C., o caráter natural ou convencional da língua: seria ela natural, estaria em consonância com a physis, adviria de princípios eternos e imutáveis, fora do próprio homem, ou seria uma instituição convencional, resultante de um contrato social entre os membros de uma comunidade?
De todas as contribuições para os estudos lingüísticos, sem sombra de dúvida, a dos estóicos ocupa um lugar relevante, não somente para o estudo da língua grega, como também por servir como ponto de partida para os posteriores estudos das línguas indo-européias, em geral.
Segundo a filosofia estóica, a conduta correta humana deveria pautar-se em se buscar viver em conformidade com a natureza, e assim, pois, o verdadeiro conhecimento consistiria em colocarem-se em consonância, idéias e natureza. Partindo-se desse pressuposto e, sendo a língua, veículo do pensamento, os estudos lingüisticos ocupavam lugar essencial nesse sistema filosófico.